É tudo sobre comida (ou ‘O meu primeiro Thanksgiving’)

Andei pensando sobre isso outro dia: a partir de quando tudo passou a ser em torno de alguma refeição? Sempre gostei muito de pão, queijo, presunto, uva e suco de maracujá. Esses provavelmente foram meus alimentos preferidos desde sempre. Até hoje são, apesar de ter que pegar leve com as uvas e o maracujá porque não aguento mais tanta acidez.

Pois bem, deixando minhas questões estomacais de lado, desde que me entendo por gente e até uns 20 e poucos anos, comida nunca foi tão importante. Sempre foi obrigação mesmo, principalmente no almoço. Parece que o meu mundo adolescente era mais preocupado com outras questões importantes – ou nem tanto – do que com aquele prazer incrível que uma boa comida pode te proporcionar.

E aí você envelhece. Junto com você, seus amigos, os antigos, os novos, os conhecidos e todas as pessoas com quem você passa a ser relacionar. E toda a socialização parece ser pautada pela refeição. ‘Vamos jantar?’. ‘Vamos almoçar?’. ‘Vamos experimentar o brunch daquela nova padaria?’. ‘Vamos no cinema e depois comer alguma coisa?’. ‘Quer vir aqui em casa? Vou fazer uma receita nova que aprendi com Rodrigo Hilbert!’.

E eu, que sequer sei cozinhar, me vejo fazendo esses convites para apresentar aos amigos aquele prato incrível que comi outro dia no restaurante tal e às vezes até resumindo algumas viagens que fiz aos bons pratos que comi. E olhe que estou longe de ser o tipo ‘apreciadora gourmet’. Não entendo nada de cozinha, portanto, sou bem facinha de agradar.

Como essa adoração culinária não é só coisa de brasileiro, aqui na Califórnia passo pelo mesmo dilema, já que todos os convites sempre são com o mesmo objetivo de encher a pança – na real, o dilema aqui é até maior porque quero experimentar tudo o que não conheço e não é comum lá para baixo dos trópicos.

Hoje mesmo passei por uma experiência muito interessante: um almoço de Thanksgiving adiantado na minha aula de inglês. Semana que vem teremos um super feriadão noa Estados Unidos; para vocês terem uma ideia, terei ‘férias’ das aulas durante a semana inteira, sendo que a comemoração é feita apenas na quinta.

Mas por falar em comemoração, o Thanksgiving é basicamente um feriado sobre comida: o objetivo é juntar pessoas queridas para confraternizar com o mesmo tipo de comida que os Pilgrims, vindos da Inglaterra, fizeram para agradecer pelas graças alcançadas – e aos índios que deram a maior força – na chegada aos Estados Unidos após o maior sufoco.

Pois hoje me vi rodeada de estrangeiros de todas as partes do mundo (a variedade é incrível, do Nepal, ao Paquistão, passando até pelos menos exóticos, na visão de uma sul-americana, como a Suíça), aprendendo a fazer torta de abóbora, molho de cranberries e outras coisas que nem lembro o nome para acompanhar o ganso alcançado.

O tradicional mesmo é peru, mas um colega de Cabo Verde que é chefe comprou e preparou o ganso. Não tenho do que reclamar. Na sexta irei a um jantar de ‘Ação de Graças’ oferecido por uma associação de moradores de Davis aos estrangeiros que chegaram na cidade, para que tenhamos a experiência de provar uma típica refeição americana. O bom é que agora já tenho como fazer comparações.

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