A série da minha vida adulta

Fleabag

Há alguns meses comecei a primeira temporada de FLEABAG (BBC/Amazon Prime) e parei no meio, o que é bem incomum já que eram apenas 6 “leves” episódios de 20 e poucos minutos cada. Quem me conhece sabe que sou capaz de passar muitas horas vidrada em longos seriados de crimes sangrentos.

Mas eu fiquei tão incomodada em ver como uma mulher bonita, inteligente e interessante permitia ser tão cruelmente usada e maltratada por homens medíocres e familiares desagradáveis que simplesmente não consegui assistir mais nada.

Pois hoje retomei a série e em poucas horas me vi completamente envolvida e emocionada com o final da segunda temporada. Em cada um dos episódios encontrei diálogos que falavam para mim, que falavam sobre mim.

E aí percebi que minha incapacidade há alguns meses de seguir com os primeiros episódios foi por pura e simples identificação. “Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos”, não sei quem disse isso, mas faz todo sentido.

A quantidade de mulheres maravilhosas que se anulam para fortalecer a masculinidade frágil de homens, que sequer se esforçam para serem melhores, é imensa. Imensa.

Aprendemos que devemos agradecer por sermos “elogiadas” no meio da rua mesmo que, de alguma forma, aquilo pareça desconfortável e desrespeitoso.

Devemos agradecer por sermos “escolhidas”, por sermos consideradas perfeitas para os papéis de namorada, noiva, esposa. E a gratidão é tanta que não se permite pedir muito em troca; o simples “estar com ele” já deve ser o bastante. Homens seguem sendo e impondo o que são. Mulheres que se virem para agradar e fazer dar certo.

Acabei de assistir ao último episódio da segunda temporada e estou destruída; quem viu saber o porquê. Mas também estou feliz por perceber que não sou a única que em momentos de dor e desespero espera que alguém lhe diga o que fazer e que sabe e sente que “mulheres nascem com dor embutida”.

O mais importante é entender que a vida segue, tudo passa, a gente se perdoa e consegue até acreditar quão inteligentes, interessantes e lindas nós somos.

Obrigada, Phoebe Waller-Bridge, eu estou completamente apaixonada por você. E por Andrew Scott, cada vez mais.

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