Sim, estou exausta. Exausta de ser taxada de “feminista radical” quando falo sobre questões básicas como o respeito para com as mulheres.
Exausta de escolher a roupa de acordo com o lugar que vou e com quem eu vou pelo medo de ser assediada, atacada e estuprada na rua.
Exausta dos olhares julgadores de outras mulheres quando tenho coragem de sair com um figurino mais ousado e do nojo pelos olhares e comentários masculinos que tratam nossos corpos como carne de açougue.
Exausta de explicar e pedir aos homens compreensão.
Exausta de implorar para que acreditem quando eu digo que é difícil ser mulher.
Exausta de ter que escolher cuidadosamente o lugar no ônibus/metrô; de ter milhões de estratégias quando pego um uber/táxi para me sentir minimamente segura.
Exausta de escutar que é perigoso ir somente com outra amiga para o carnaval.
Estou exausta de ter que mudar os homens. De lidar com suas certezas equivocadas baseadas em privilégios do patriarcado. Exausta de ter traumas profundos causados por relacionamentos abusivos. De ser chamada de louca. De ser chamada de exagerada. De ser chamada de puta.
Estou exausta de ter que brigar para que minha existência seja segura; que minha capacidade intelectual seja respeitada e que meu salário seja de acordo com o trabalho que desempenho e não de acordo com meu gênero.
Estou exausta de lidar com mulheres que não gostam de trabalhar com mulheres.
Exausta da falta de empatia. Da falta de discernimento. Da falta de respeito.
Estou exausta. 8 de março é o dia em que tal exaustão toma forma. Forma de protesto, de grito, de texto. 8 de março é o dia das sobreviventes. E por isso merecemos parabéns.