No início de dezembro de 2019 tive uma consulta/sessão com meu psiquiatra e minha psicóloga. Isso mesmo: nós 3 juntos. Eu não estava nada bem e eles estavam preocupados.
No fim de tudo, foi decidida uma abordagem diferente para meu caso: aparentemente faço parte de um seleto grupo de pessoas com depressão crônica no qual antidepressivos não fazem efeito. Quer dizer, não fazem o efeito bom, o esperado, porque efeitos colaterais eu tive todos e de todos os tipos ruins.
Desde janeiro de 2016 médicos prescrevem esse tipo de droga para mim e nunca, em nenhum momento, algum deles cogitou essa possibilidade. Os profissionais e os “informais” preferiram me colocar na categoria de “mulher à beira de um ataque de nervos”, ignorando minha genética e os relatos dos meus sintomas.
Como sempre é difícil bater o martelo em relação a doenças mentais, não posso dizer com certeza que esse último diagnóstico seja o correto. Mas é fato que, após algumas semanas experimentando um outro tipo de medicamento e diminuindo os outros (nessa alquimia psiquiátrica que leva meses), tenho me sentido melhor. Tenho conseguido enfrentar minhas inseguranças e sair de casa. Tenho me divertido.
Claro que ainda não estou curada; apenas passei da fase em que ficava uma semana sem tomar banho e sem sair do quarto, para uma outra fase onde ainda tenho meus baixos, mas os altos finalmente chegaram.
Sigo escrevendo sobre isso para deixar claro quão importante é ser acompanhada por profissionais em que você confie e perceba uma preocupação e cuidado genuíno com a sua saúde. Heloísa e Lucas seguem salvando minha vida, sem nenhum exagero.
E, mais uma vez, cuidado com as frases feitas tipo “é só ter força de vontade que você consegue”, “eu também tive depressão e superei sozinha”, “você já superou, está lindona”, “Deus vai te ajudar” etc. Pode parecer tentativa de ajuda mas é falta de empatia.
Depressão é doença séria e nem todo mundo tem do mesmo jeito, sente igual ou melhora da mesma forma. Por isso, empatia. Empatia para escutar e entender o que está acontecendo com o outro. E a partir daí ajudar, abraçar, conversar ou só ficar ao lado de quem precisa, do jeito que a pessoa precisa. Empatia salva vidas.