Em 2019, enquanto empacotava minhas coisas para não ser mais moradora do apartamento na Herculano de Freitas, centro de São Paulo, eu sofri profundamente.
Às vezes precisava parar o trabalho para me recuperar da exaustão lacrimal provocada por desfazer uma vida construída ali, naquela casa. Pois em um determinado momento coloquei minha playlist de @caetanoveloso. E durante o tempo em que ela tocou me senti bem ao perceber que Caetano não me tinha sido tirado na separação. Ele veio antes do casal.
Acredito que estava lá quando eu ainda virava gente na barriga de minha mãe. Lembro de crescer escutando seus discos. Ía para todos os seus shows em Salvador. Algumas músicas me lembram meus pais: suas preferências e dedicatórias para mim. Pois hoje, desfazendo malas em um lugar que ainda não é minha casa definitiva, coloquei a playlist.
Odeio mudanças, apesar do meu estilo de vida nos últimos 11 anos ser totalmente contrário ao que acabei de dizer. Mas odeio. Mesmo. Muito. Só sei que mais uma vez Caetano me acalmou; me fez cantar, rir sozinha, me emocionar e até ser leve, pelo menos enquanto durou a lista com canções escolhidas a dedo por esta que vos escreve. Felicidade durante uma sequência de músicas é algo impagável, quase mágico.
Obs: Cinema Transcedental é o meu favorito.