Yosemite

Há um tempo eu vinha falando para o marido que precisávamos aproveitar algum fim de semana e ir conhecer Yosemite. O parque, que fica a umas 3h30 de Davis, sempre foi referência de um dos lugares mais lindos da Califórnia (se pá, dos Estados Unidos).

No inverno fica meio complicado de ir porque várias estradas e trilhas são fechadas por conta da neve; existem muitas restrições e precauções que devem ser tomadas. Gostamos de aventura, mas nem tanto.

Ouvimos dizer também que no verão o negócio também é complicado: o parque fica tão lotado, mas tão lotado, que é impossível aproveitar as paisagens sem praticamente entrar em luta corporal com a turistada (categoria na qual estou inclusa) por um espacinho bom pra foto.

Pois bem, aproveitamos que um amigo querido viajou e deixou o carro conosco (não pagar aluguel de carro é uma benção divina em qualquer viagem aqui – beijo Daniel!), e que um casal querido de amigos, Camila e Leandro, iria para lá de qualquer jeito, e nos jogamos estrada.

A previsão era de tempestade na noite anterior da nossa viagem. Com direito à neve e tudo. Mas, no fim das contas, fora uma chuvinha desagradável no primeiro dia e uma estrada fechada que não me deixou conhecer o Tenaya Lake, o clima não foi dos piores. Fez frio, mas com as andanças também fez calor. Tivemos paisagens bonitas nubladas e paisagens bonitas com sol.

O ideal é achar hospedagem dentro do parque, que é imenso. Mas ouvi dizer que esses hotéis e pousadas são concorridíssimos e você precisa de meses e meses de antecedência para conseguir um quarto. Portanto, as cidades próximas são a solução. E quando digo próximas, que sejam realmente próximas.

Dou um exemplo do que aconteceu: Leandro e Camila reservaram um quarto num hotel em Oakdale, pegando como referência a entrada do parque. Na verdade, da entrada do parque até Yosemite Valley, que é de onde você parte para todas as atrações legais, é quase uma hora de carro. De Oakdale até a entrada, seriam quase duas horas, por uma estrada extremamente sinuosa em montanhas altas com abismos assustadores (óbvio que nem eles e nem nós sabíamos disso quando a reserva foi feita).

Resumindo: não é um bom negócio você se hospedar tão longe – ainda mais com uma estrada difícil – principalmente se a ideia é voltar pelo menos duas vezes no parque, em dois dias diferentes.

Depois do desespero da tal estrada sinuosa – nem passamos pela tal Oakdale – paramos na primeira cidade fofa que apareceu e que, segundo o GPS, ficava a 60 quilômetros do parque. Em Gloveland desfizemos a reserva do hotel antigo e procuramos vaga em algo por ali mesmo. Pagamos, por uma diária, o preço de duas previamente reservadas. Mas sinceramente, valeu cada centavo.

Ficamos em uma casa com três quartos em um condomínio fechado. Na verdade procuramos quarto no Hotel Charlotte e a recepcionista simpática (de Davis, claro) nos ofereceu essa opção. Ela sairia pelo mesmo preço (quase 200 dólares com as taxas) que um quarto duplo em outro hotel onde perguntamos. Casa bacanuda e cheia de espaço, pra quê melhor?

Inclusive, caso você fique ou se só passar por Groveland, não deixe de dar uma paradinha no Iron Door Saloon. Desde 1852 fazendo a felicidade dos pinguços locais e turistas, parece ser o bar mais antigo da Califórnia – segundo propaganda própria – e, apesar de não ter uma comida grande coisa, o ambiente legal compensa.

A decoração é uma loucura: são notas de dólar coladas no tetos, cabeças de bichos nas paredes e um monte de tranqueiras por todos os lados. Demos sorte, já que era sexta a noite, de pegar um show ao vivo da banda The Penetrators.

Apesar da safadeza da alcunha, era mais uma simpática banda dos “nativos” de meia idade que tocava clássicos pros amigos que íam lá dançar nos finais de semana. Até eu dancei. O marido me tirou para dançar ao som de My Girl. Quem o conhece sabe que isso é um milagre. Resumindo: morri de amor e de amores pelo Iron Door.

Voltando ao Yosemite National Park, a viagem foi curta e, no total, passamos apenas um dia e meio lá. Muito pouco. Acho que o legal é ter tempo para aproveitar o máximo de trilhas que você aguentar. No meu caso, que sou sedentária, uma por dia já tá ótimo. Resumindo, uma semana seria pouco. Mas, ainda assim, foi uma experiência incrível.

As montanhas de pedras são escandalosamente impressionantes, tipo a muralha de Game of Thrones sem neve, sabe? Imensas, algumas com árvores, outras com cachoeiras… paisagens de tirar o fôlego por todos os lados.

Dentro do parque existem ônibus que levam os visitantes para vários pontos diferentes de onde você pode começar as trilhas. Pegamos um no primeiro dia e afirmo que o serviço funcionou muito bem. Não esperamos mais que 10 minutos entre um shuttle e outro.

Vale muito a pena largar o carro nos estacionamentos gratuitos e seguir esses percursos. Agora na primavera não existem muitas opções, mas no mapa vi que eles disponibilizam outras linhas no verão – provavelmente porque a demanda é maior e porque mais lugares estão liberados por causa do clima.

Para entrar no parque, pagamos 30 dólares por carro. Esse valor te dá um ingresso válido por uma semana. Dica amiga: leve toda a comida que você puder. Foi bem difícil encontrar lanchonetes e restaurantes abertos e quando encontramos, tudo custava os olhos da cara mais uma perna e dois rins. Ah, e os celulares (T-Mobile) simplesmente não funcionaram: nem sinal de telefone, nem o 4G de internet. Nadica de nada.

Outra dica super importante: Yosemite é um parque. Do tipo “cheio de natureza”. Você vai lá para fazer trilhas. Significa: andar muito, muito e muito. Portanto, não façam como eu que, temendo o frio, levei apenas meu par de botas. Não gosto, acho feio, mas não tem jeito: tem que ir com tênis de fazer exercícios. Seus pés agradecerão completamente após um dia inteiro de andanças. Digo isso, inclusive, por uma questão de segurança.

A única grande trilha que fizemos foi até a Vernal Fall, uma cachoeira incrível. Quase tive um ataque cardíaco de tanto subir e descer montanha, mas sobrevivi. Fato é que você pode chegar até o topo da cachoeira, seguindo pela lateral, por uma escadinha de pedras.

O problema é que esse caminho é molhado e botas bonitas e pouco confortáveis não têm a menor aderência para esse tipo de situação. Entenderam meu ponto? Tênis, por favor, sempre tênis.

Ah, e se você tiver labirintite, não recomendo seguir de carro até o Glacier Point, de lá ir em direção às sequóias gigantes e sair do parque pela cidade de Fresno. Eu, no banco no carona, fiquei tonta com tantas curvas nas estradas que eventualmente ficavam estreitíssimas. Sorte que o marido é bom motorista.

Fiquei maravilhada com o parque, mas frustrada porque não vi nenhum urso. Acho que vi um, de longe, enquanto estava no carro. Mas podia ser um tronco de àrvore também, vai saber, era tanta curva e tanta tontura que posso ter tido uma alucinação.

Pelo menos aprendi que, caso algum aparecesse nas áreas mais movimentadas, deveríamos fazer o máximo de barulho para espantá-lo. Mas se encontrássemos algum no meio da mata, em seu habitat selvagem, o melhor é ficar quieto e manter distância, devagar e sem barulho.

Vivendo e aprendendo minha gente. Não vi nenhum, mas me sinto expert no que tenho que fazer caso veja um urso por aí. Nunca se sabe, né?

O único urso que achei foi na loja de souvenirs
O único urso que achei foi na loja de souvenirs

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