Tentando colocar em prática minhas resoluções de ano novo, um dos tópicos mais importantes é perder peso e ser mais saudável. Coisa que aqui nos Estados Unidos não é lá muito fácil já que adoro um café da manhã com ovos, batatas, bacon, panquecas, os pães de canela, cinnamon roll, sorvetes e Reeses (chocolate com recheio de paçoca).
Até as pizzas, das quais sempre falei mal, caíram no meu gosto. Conto o segredo: as ruins são “New York style”. São finas e com pouco recheio – traumatizantes. Agora as de “Chicago” são outra história… já o cachorro-quente é terrível. Não recomendo.
Mas ao mesmo tempo o acesso à mercados orgânicos e comida saudável também é muito grande e fácil, apesar de tudo ser mais caro do que as tranqueiras gostosas. É o preço que se paga.
Pois a idade, o peso, as dores nos joelhos, no estômago e no esôfago foram aumentando proporcionalmente com o passar dos anos. E agora eu, que odeio me exercitar, preciso correr atrás do prejuízo.
Na real, não sei se odeio me exercitar. Sou preguiçosa, e isso é um fato da vida, mas acho que talvez não tenha encontrado minha atividade ideal. Gosto muito de natação, mas no inverno, mesmo com piscinas aquecidas, fico assustada.
E já que estou em um momento de tempo flexível e de muitas vontades, comecei a fazer testes. Gosto de correr em um parque perto de casa. Não aguento correr todo o percurso, claro, mas gosto do fato de ser uma situação solitária em que não dependo de ninguém para realizar. Mas isso também é um problema porque, já que a única obrigação é comigo mesma, às vezes a força de vontade some, a preguiça toma conta e não consigo manter uma certa regularidade.
Resolvi então procurar uma outra atividade para revezar com as corridas. Eis que, no fim da tarde de ontem, me vi no meio de uma classe de Bikram Yoga. Descrição básica da aula: sala aquecida a 45 graus, 90 minutos, 26 posições. Me interessei por dois motivos: além dos benefícios da Yoga, de flexibilidade e tal, dizem que emagrece. Segundo: é do lado da minha casa.
Apesar de assustada com as descrições de pessoas que desmaiam ou vomitam na primeira tentativa, fui. Cheguei cedo, fiz a inscrição, paguei 30 dólares por 30 dias e entrei na tal sala para ir me acostumando com a temperatura. Lá dentro os alunos não falavam uns com os outros. Gostei dessa parte. E confesso que não me senti desconfortável com o calor. Me animei.
Até que, na segunda posição, com menos de 10 minutos de aula, passei mal. Acho que a pressão caiu. Fiquei enjoada, tonta, dormente. Como havia sido alertada por Sarah, a instrutora simpática de cabelo meio raspado, meio descolorido, meio cor de rosa, sentei e esperei um pouco. A sala estava cheia e eu era a única “fora de forma” do ambiente frequentado por pessoas de todas as idades e corpos perfeitos à mostra – quanto menos roupa, melhor. Claro que eu estava vestida demais.
Levantei e tentei de novo, sempre estimulada por Sarah que dizia para não me preocupar, que isso era normal, e todos já tinham passado por situação semelhante. Durante muito tempo tentei, me senti mal, sentei, tentei de novo, até o momento em que pensei “que diabos estou fazendo aqui???? Nunca vou conseguir terminar essa mer$%*&ˆ#@*!”, e pedi para sair.
Sarah me acompanhou e, do lado de fora, com a ventilação adequada, ela me convenceu a voltar, nem que fosse para ficar sentada observando os outros e me acostumando com a temperatura. Ah, que fique claro para quem deve estar pensando: “mas ela é baiana, deve estar acostumada”. Em Salvador, não lembro de ter pego mais de 36 graus. Nunca.
Pois bem, morrendo de vergonha, com medo de vomitar ou desmaiar e frustrada por não ter conseguido, voltei para a sala. Ninguém pareceu notar minha presença, ausência ou crise. Todos pareciam concentrados demais em suas imagens refletidas no espelho para perderem tempo com o que acontecia ao redor. Ainda assim, senti vergonha.
Mas voltei, sentei e, quando me senti melhor, tentei acompanhar os exercícios. Não entendia quase nada do que Sarah falava e muitas vezes só descobria o que fazer observando os coleguinhas, mas ainda assim, consegui ficar e fazer a maioria das posições até o final.
Quando a aula terminou, algumas pessoas vieram me dar parabéns por ter voltado e insistido. Foi reconfortante.
Cheguei a pensar em desistir, óbvio, mas já que tenho os 30 dias pagos e a professora me disse que eu só devo me sentir melhor a partir da quinta aula, achei melhor tentar um pouco mais. Gosto de sensação de estar fazendo algo, me mexendo.
Hoje vou de novo. Com menos roupa e com o mesmo medo de passar mal e passar vergonha. Me desejem sorte.
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Atualização: Desisti após a segunda aula. Continuei passando mal, enjoada, com a pressão baixa e sem conseguir acompanhar a maioria dos exercícios. E eu era a única da classe assim – sabe como é, companhia na dor e na humilhação pública às vezes ajuda a superar mais facilmente…
Mas pensei o seguinte: inevitavelmente há sofrimento – pelo menos no meu caso – em fazer exercícios físicos. Porque insistir em um que ainda aumenta a tortura? Continuarei minhas buscas. Continuo pedindo desejos de boa sorte. :)