O ‘BBB’ de Michael Keaton

Há alguns meses Michael Keaton esteve no Brasil para divulgar o novo ‘Robocop’. Na época, ainda trabalhava no Yahoo e fui até o Rio de Janeiro para entrevistá-lo. Cheguei animada, mas a experiência não foi das melhores.

De antemão, Keaton avisou aos assessores que estava gripado, portanto, nenhum contato físico seria possível – sequer um cumprimento com aperto de mãos na chegada. Isso para mim pareceu mais coisa de gringo paranóico com medo de pegar alguma doença tropical. Mas beleza, o cara podia estar meio doente, quem sou eu para questionar, né?

E quando chegou a minha hora de ficar frente a frente com o ator que fez Batman (o de Tim Burton e um dos melhores) e Beetlejuice (também dirigido por Burton), a experiência não foi das melhores.

Michael Keaton se mostrou um dos piores tipos de entrevistados que jornalistas podem encontrar: o ‘monossilábico’. Você pode se matar para pesquisar, pensar e elaborar perguntas bacanas que as respostas virão sempre com duas ou três palavras. E aí você continua se matando para arrancar mais umas declaraçõezinhas da pessoa, afinal, sem isso sua matéria perde o sentido (em vídeo então, e edição tem que fazer milagres). E para mim, ter que fazer isso em inglês foi pior ainda.

Não sei se o ator foi assim com todos ou só comigo, que fui uma das últimas a entrevistá-lo naquele dia. Só sei que não foi empolgante como esperava.

Bom, todo esse meu blablablá sobre como foi conhecer Michael Keaton foi apenas uma introdução para falar sobre nosso reencontro, do jeito que tinha que ser, dentro de um cinema, onde eu estava de espectadora, e ele, como um grande ator.

‘Birdman’ ou ‘A Inesperada Virtude da Ignorância’ é um grande filme. Daqueles estranhos onde quem assiste não pode esperar obviedades e sentido para tudo. É fantasia, neurose, loucura, obsessão.

Me lembrou muito ‘Cisne Negro’, filme do qual gosto muito, e agora me sinto profundamente mal por fazer essa comparação após o discurso que o personagem principal, Riggan Thomson (Keaton), faz para uma crítica teatral sobre como ‘nós’ diminuímos a arte com comparações estúpidas e textos superficiais – ou algo do tipo.

‘Birdman’ tem uma trilha sonora incrível, executada praticamente durante todo o tempo do filme por uma bateria. Isso mesmo, apenas uma bateria. Fora a trilha, outro aspecto que me deixou maravilhada foi o uso da câmera em diversas cenas que pareciam planos sequências – quando não existem cortes. Visualmente, o filme é impecável.

A história, para quem não sabe, acompanha os dias que precedem a estreia na Broadway da peça ‘What We Talk About When We Talk About Love’, produzida, dirigida e estrelada por Riggan Thomson, ator que foi muito famoso nos cinemas por interpretar o super-herói Birdman e que, agora, tenta desesperadamente o reconhecimento do seu talento além do personagem.

Pela primeira vez gostei de Zach Galifianakis, o melhor amigo/advogado do ator (a afetação de ‘Se Beber não Case’ sempre me incomodou). Edward Norton como um ator famoso e egocêntrico está fantástico, como de costume. E Emma Stone, bem, quero ser melhor amiga dela.

Mas o filme é de Michael Keaton, tem jeito não. Mais uma obra prima no seu currículo de ‘BBB’: Batman, Beetlejuice e Birdman. Se puder, assista. Vale muito a pena.

Obs: Na primeira vez em que estive nos Estados Unidos, passei por uma experiência terrível no cinema assistindo a ‘Biutiful’, de Alejandro González Iñarritu. Odiei o filme. Agora o diretor me ganhou de novo, nesse meu retorno ao país.

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