Quando ouvi falar de Intocáveis tive preguiça. Pensei que fosse estilão O Escafandro e a Borboleta que é um bom filme, francês também, mas extremamente cansativo e deprê. Acho que desde que vi O Óleo de Lorenzo traumatizei com o peso de doenças retratadas de determinadas formas no cinema. Pois achei que o filme dirigido por Olivier Nakache e Eric Toledano seguisse esse caminho.
Mas após ler algumas críticas decidi assistir. E digo que foi uma experiência deliciosa.
Na verdade, Intocáveis tem um característica que me agrada muito, presente também em Mar Adentro, filme espanhol que acho fantástico estrelado por Javier Bardem: a falta da auto-piedade constante. Nos dois filmes não senti pena dos personagens principais apesar das suas difíceis condições de saúde.
Em Mar Adentro, Bardem vive Ramón Sampedro, um grande sedutor mesmo sem poder sair da cama. Na história, ele lutava na justiça pelo direito de morrer, uma decisão muito consciente e que, mesmo assim, não pesava apesar do peso natural dessa escolha.
Em Intocáveis, a descoberta dos pequenos prazeres do aristocrata Phillipe (François Cluzet que em vários momentos me lembrou, fisicamente, Dustin Hoffman), despertados pela presença e bom humor de seu novo “enfermeiro” Driss (Omar Sy), faz com que o filme tenha uma delicadeza e uma alegria contagiantes.
Eu sei que é clichê, mas aconteceu de verdade. As duas histórias aconteceram na vida real, o que faz com que você páre e pense: e se fosse eu? Paloma, provavelmente, viveria deprimida e mal-humorada pela eternidade.
Pois nessa produção francesa, a participação de Sy, dono do sorriso mais espetacular que já vi no cinema e de uma belíssima e natural atuação, fez com que a sala de cinema gargalhasse durante vários momentos.
A piadas, politicamente incorretas do jeito que o politicamente correto deve ser – com o aval do outro -, eram sensacionais. O roteiro, cenários, os personagens secundários e a trilha sonora compuseram um ambiente perfeito para a harmonia entre dois grandes atores, em uma grande história.
Sem dúvidas um dos filmes mais engraçados desse ano.
Hmmmm… fiquei com vontade de assistir… :)